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Sem reajuste, poder de compra do prêmio do BBB encolheu e deveria ser de R$ 3 milhões
Com data de estreia para esta segunda-feira (17), o Big Brother Brasil 22 já está dando o que falar. Dentre os assuntos, está o valor do prêmio do programa, que basicamente "encolheu" e segue o mesmo de 12 anos atrás, R$ 1,5 milhão.
Conforme reportagem publicada na Folha de SP, o economista e pesquisador Matheus Peçanha do FGV-Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas) pontuou que, para ter o mesmo poder de compra, o prêmio deveria ser reajustado para R$ 3 milhões. Para isso, ele leva em consideração o cálculo feito com base no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de abril de 2010 a dezembro de 2021.
Na edição de 2010, Marcelo Dourado foi o campeão e levou R$ 1,5 milhão. O que impressiona é que, mesmo passados 12 anos, o valor do prêmio permanece o mesmo.
"O valor [do prêmio] está há mais de dez anos sem reajuste e nesse período a gente teve duas crises bem fortes. Entre 2014 e 2015, chegamos a mais de 10% de inflação também. E agora [em 2021] voltamos a ter uma nova inflação de dois dígitos, que a gente já não via há algum tempo. Fora a inflação ano a ano, que foi corroendo o valor do prêmio", diz o economista em entrevista à Folha.
O economista argumenta também que nas duas vezes que ocorreu reajuste no valor do prêmio — em 2005 e em 2010 — foi acima da inflação. Na primeira edição do BBB, em 2002, o vencedor Kleber Bambam ganhou R$ 500 mil. O pagamento se manteve o mesmo por outras três edições até 2005, quando foi reajustado para R$ 1 milhão.
"Se tivesse sido pela inflação, o prêmio iria para R$ 655 mil, ou seja, como foi para R$ 1 milhão, foi um ganho real de 52,5%. O Jean Wyllys [vencedor do BBB 5] foi o maior felizardo", diz Peçanha. Na edição de 2010, o prêmio foi para R$ 1,5 milhão. "Se fosse pela inflação do período, deveria ter ido para R$ 1,245 milhão. O felizardo da vez foi Dourado", completa o economista.
No ano passado, o IPCA, responsável pela indicação de inflação no país, acumulou variação de 10,06%. A alta é a maior para o período de janeiro a dezembro desde 2015 (10,67%), quando a economia nacional atravessava período de recessão no governo Dilma Rousseff (PT). Com a disparada do IPCA devido à combinação de diversos fatores, houve uma carestia nos preços em geral. Desde combustíveis e energia elétrica, a itens básicos para as famílias, como alimentos, inclusive por alterações climáticas que afetaram plantio e colheita de diferentes produtos.
Ou seja, apesar do ganhador da edição deste ano ficar milionário, o seu poder de compra será praticamente metade do ganhador da edição de 10 anos atrás. Porém, edições anteriores já mostraram que além do prêmio, também tem os frutos do programa, um deles é a visibilidade e impulsionar carreias. Um grande exemplo é o Gil do Vigor, participante da última edição, que mesmo não tendo sido campeão disse em entrevista que acumulou R$ 15 milhões desde que saiu do BBB21.