Delegado alvo de investigação do Gaeco que atuava na fronteira é absolvido pela Justiça

Ele era investigado no âmbito da Operação Codicia e estava afastado do cargo


Em sentença assinada nessa sexta-feira (25) pelo juiz Marcelo Guimarães Marques, da 2ª Vara Criminal de Ponta Porã, delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul foi absolvido das acusações de corrupção passiva e organização criminosa.

Ele era investigado no âmbito da Operação Codicia, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). Além do delegado, que está aprovado em concurso da magistratura de MS, mas que não pode assumir o cargo, mais 5 pessoas envolvidas no caso foram inocentadas.

“Após a aplicação de métodos investigativos exaustivos, envolvendo quebra de sigilo bancário por anos, quebra de sigilo de dados telefônicos e telemáticos, e buscas e apreensões, não foi constatada qualquer conversa que demonstrasse que ele estava envolvido no esquema e nem tampouco qualquer transação financeira que comprovasse que ele alguma vez recebeu dinheiro indevido”, diz um trecho da fundamentação usada pelo juiz.

 
O investigado atuava na 2ª delegacia de Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai e foi afastado em publicação do Diário Oficial do dia 26 de abril de 2022. O afastamento do delegado acontece um dia após a Operação Codicia, que prendeu outros policiais do departamento por cobrança de propinas.

Na publicação do Diário Oficial, ficou determinado que o delegado está afastado compulsoriamente de suas funções, pelo prazo em que perdurar a medida imposta pela justiça, determinando o recolhimento das armas, carteira funcional e demais pertences do patrimônio público destinados ao referido policial.

O delegado também teve a suspensão de suas senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial, suspensão de férias e avaliação para fins de promoção, caso tais medidas ainda não tenham sido adotadas.

 
A suspensão foi assinada pelo delegado-corregedor da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Márcio Rogério Faria Custódio. O grupo chegou a cobrar R$ 20 mil de um casal, que teve o caminhão furtado no Rio de Janeiro, para a restituição após a recuperação do veículo pela PRF (Polícia Rodoviária Federal).

Entenda o caso

As investigações começaram em 2021. Em depoimento, as vítimas dos policiais contaram que, no dia 5 de abril de 2021, o caminhão Scania em que estava acoplada a carreta foi roubado de Queimados, no Rio de Janeiro.

 
Já no dia 6 de abril, equipes da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em fiscalização em Ponta Porã encontraram e recuperaram o veículo entrando em contato com as vítimas para comunicar o fato. O casal, então, foi até Ponta Porã.

No trajeto, segundo o relatório do Ministério Público, pararam em posto policial no estado do Paraná e foram orientados a procurarem em Ponta Porã a policial aposentada, alvo da operação, que iria ajudar na restituição do caminhão.

As vítimas, então, entraram em contato com a policial pelo WhatsApp, e ela indicou que fossem até a 2ª delegacia de polícia e procurassem o escrivão também alvo da operação. Já na delegacia, no dia 8 de abril, o casal foi recepcionado por outro policial e, posteriormente, o segundo alvo da operação passou a atendê-los, como também o investigador de polícia aposentado.