A estratégia alternativa da campanha de Bolsonaro para a entrevista ao JN

O vice Walter Braga Netto, três ministros e o senador Flávio Bolsonaro tiveram 'sessão de treinamento particular' com o presidente

NOVA FOGO


A preparação do presidente Jair Bolsonaro para a entrevista que dará hoje ao Jornal Nacional vem ocupando boa parte do tempo da coordenação da campanha à reeleição ao longo de toda a semana.
Mas como o presidente se recusou a fazer media training -espécie de simulação da entrevista-, o núcleo político do governo botou em prática uma estratégia alternativa.

Cada integrante do grupo aproveitou reuniões já marcadas com o presidente ou agendou conversas para falar em separado com Bolsonaro sobre o que achavam que deveria ou não ser dito a William Bonner e Renata Vasconcellos hoje à noite.
O vice Walter Braga Netto, os ministros Ciro Nogueira (Casa Civl), Fabio Faria (Comunicações) e Paulo Guedes (Economia), e o senador Flávio Bolsonaro já tiveram sua "sessão de treinamento particular" com Bolsonaro nos últimos dias.

O principal recado passado ao presidente nessas conversas foi o de que, ao contrário do que ocorreu em 2018, quando as redes sociais foram essenciais para a vitória, nesta eleição a TV aberta terá importância crucial.
Isso porque o público que Bolsonaro precisa atrair para chegar ao segundo turno - mulheres, eleitores de classe média e de periferias, que já votaram nele e depois se arrependeram - está mais acostumado à TV aberta e à Globo do que o seguidor bolsonarista.

Nas palavras de um dos estrategistas da campanha, "Ele precisa falar para a mulher que está em casa esperando para ver Pantanal".
Segundo a última pesquisa Datafolha, num eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, o petista fica com 56% dos votos das mulheres, ante apenas 34% do atual ocupante do Palácio do Planalto.
Por isso, a recomendação geral foi a de que ele se concentre em falar sobre economia, com destaque para o Auxílio Brasil, a super safra de grãos e a deflação, e de políticas para mulheres.

Nesse quesito, vale atacar Lula por causa da desastrosa fala dele no último comício, em São Paulo – quando disse que quem quiser bater em mulher, “que vá bater em outro lugar”, mas não dentro de casa ou no Brasil – e colocar peso nos escândalos de corrupção do governo do PT.

O que Bolsonaro não deve fazer, em hipótese alguma, é falar em urna eletrônica e kit anti-homofobia (chamado de forma pejorativa de "kit gay"), segundo esses assessores. Nada disso, obviamente, impede que o presidente faça alguma declaração de impacto ou tenha guardado na manga algum truque para colocar Bonner e Renata contra a parede.