Sucessivos aumentos no preço dos combustíveis motivados tanto por reajustes da Petrobras quanto o aumento do ICMS por parte do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) fizeram motoristas de aplicativo ter a renda diminuída em até 37%. Enquanto que um motorista de aplicativo conseguia tirar até R$ 4 mil rodando por cerca de 12h por dia, após os sucessivos aumentos dos combustíveis, com as mesmas horas de trabalho, faz cerca de R$ 2,5 mil.
Então, a categoria se uniu para realizar protestos até quinta-feira (04). A ação consiste em juntar o máximo possível de trabalhadores para abastecer o carro por R$ 0,50 e juntar as notas fiscais, que deverão ser protocoladas na sexta-feira (05) no governo do Estado. O responsável pelo protesto não divulgou detalhes para “não sofrer represálias”.
Um desses motoristas que viu sua renda mensal minguar foi José Cícero Figueiredo da Silva, 46 anos, que trabalha há 1 ano e 7 meses como motorista de aplicativo. “Antes fazia de R$ 3,5 mil a R$ 4 mil trabalhando 12h por dia e hoje faço R$ 2,5 mil nas mesmas 12h”, reclamou. Para chegar no valor de antes, ele precisa rodar 15h por dia. Aliado ao custo de vida que está mais alto, a situação fica difícil. “No mercado, tem produtos que triplicaram de preço. Muitos colegas largaram [motoristas de aplicativos] para ser ambulante, vendendo churros, picolé, salgado…”, completou.
Demitido durante a pandemia de uma loja de pneus, Valmir Bento, 41, que já trabalhava como motorista de aplicativo, teve que aumentar a jornada para transformar a renda extra no ganha pão da família. “Se antes, com R$ 50, rodava 170 km no etanol, agora rodo 100km com os mesmos R$ 50”, comentou.
Já, Caroline Aragão, 34 anos, alugou carro flex na esperança de economizar combustível, mas isso não aconteceu, pois o etanol também ficou mais caro. Assim, mesmo rodando de 10h a 12h diárias, ela afirma conseguir uma renda de R$ 1,5 mil já com os descontos. “Esse mês ainda nem fiz as contas para ver o que está sobrando”.
Com o preço alto, o jeito é se adequar. Caroline disse que evita rodar das 10h às 12h para não ligar ar condicionado e gastar menos combustível. “Horário de pico também não rodo, por risco de acidente e ter que gastar mais com manutenção”, observou.
Quem também se viu obrigada a se adaptar diante dos preços dos combustíveis foi Maristela Molinari Fernandes, 57 anos. Ela contou à reportagem que começa a trabalhar às 4h. Já à tarde, para um pouco para evitar queimar gasolina em congestionamentos e com ar condicionado ligado e volta depois. “Quem tem carro alugado não está aguentando. Abasteço R$ 100 no posto e R$ 50 vai em imposto”, disse.
Antes, Maristela conseguia ganhar cerca de R$ 2 mil como motorista de aplicativo, trabalhando 8h por dia, mas com os aumentos nos custos, tira aproximadamente R$ 700. “Tem muita gente desempregada migrando para os aplicativos”, observou.